6 de jul. de 2010

Um lugar longe daqui...

O Canadá nunca me pareceu tão aterrorizante como agora. Um país distante, frio e ladrão de pessoas. E mais do que isso, um país, um mero páis, nunca me fez pensar minha vida futura de formas tão variadas, e em sua maioria tristes...
Apreensão... nunca gostei desse sentimento, ele se encaixa na categoria de indefinível, aquele sentimento que te deixa inerte, e que só é explicável por ele mesmo. Ou se sabe como é, ou simplesmente não se sabe, não cabe explicações.
E assim estou, apreensiva, pensando na vida, triste, melodramática e culpada... Ver de fora meus atos, e pensar que eu posso estar prendendo a pessoa que eu amo, e sendo uma pedra no caminho não faz de mim uma pessoa feliz, nem um pouco. Ele diz que me entende, eu acredito, mas fico pensando em como, se nem eu mesmo me entendo.
Minha mania de sofrer por antecipação, de ficar irritada por pensar que vai dar tudo errado, minha confusão interna de sentimentos que não condizem com o que eu penso. Enfim, eu em crise... e prestes a perder mais uma pessoa valiosa...

19 de jun. de 2010

Saramago R.I.P.


E as pessoas dizem que a gente nunca sofre por quem não conhecemos. Não conhecia José Saramago, mas sua morte me deixou uma lacuna... Posso dizer que tinha um pouco dele em mim, do mesmo modo que tenho um pouco de cada escritor dos livros que li. Saramago, em especial, me cativou com sua forma de narrativa, aquela leitura que deixa confusa e ao mesmo tempo extasiada. Esse era Saramago, o homem ao qual eu, carinhosamente, falava que tinha feição de tartaruga... vai em paz, e obrigado por ter existido e doar um pouco de si nos seus livros.

Poema à boca fechada


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago

27 de mai. de 2010

R.I.P.




















(atrasado) R.I.P. Paul Gray

21 de mai. de 2010

Deveres...

Vejamos, ano passado eu, numa tentativa que eu considerada falida, fui e me inscrevi para pegar a monitoria de Antropologia I, mas de falida minha tentativa não tinha nada, uma vez que eu sou a monitora de antropologia I. Foi de fato algo que me deixou muito feliz, desde o começo da faculdade foi a matéria que mais me cativou... Mas em meio a felicidade da conquista eu nem sequer pensei nas suas consequências. Fervor passado, elas começam a me abalar, ontem eu sonhei que eu estava lá, quieta na minha sala no horário de monitoria e um aluno do primeiro ano veio tirar dúvidas comigo e eu simplesmente não sabia responder a nenhuma de suas dúvidas, isso me deixou angustiada. Devo grande parte disso tudo a minha memória infalível, tão boa quanto a de um gato. Não, não é por isso que sequer cheguei a pensar em largar a monitoria, isso me estimulou a estudar, e é o que farei.
Nesses últimos tempos eu tenho pensado bastante a respeito dos meus deveres como universitária (o que inclui meus deveres no meu trabalho indiretamente também, uma vez que é com meu salário que eu mantenho meus estudos), talvez seja por causa da época de provas que esteja chegando e eu realmente acho que se eu não me dedicar mais eu vou acabar dançando...

Além de tudo eu tenho pensado também na minha vida social, digamos assim, e me assustei ao descobrir que ando desamparada de companhia, não estou só por completo, eu tenho grandes amigos, mas como eu já havia dito por aqui, se eles passarem de 7 é muito. Na verdade eu sinto saudades daquela pessoa que estava comigo a todas as horas, das nossas saídas sem rumo e sem dinheiro, do nada para o além só pra espairecer a mente e rir muito... saudades de rir muito sem ter motivo, das minhas antigas amizades. Eu ando me sentindo meio deslocada de todo mundo, é estranho e difícil explicar minhas crises de existência, mas elas rumam, mais ou menos, por esse caminho. Estou feliz com o que eu tenho, não nego, mas sinto uma saudade gigantesca de quem eu perdi...

"Sou um guardador de rebanhos.
Meu rebanho é os meus pensamentos
E meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
Com as maõ e os pés
Com a boca e o nariz.


Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.


Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito de comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade
Sei a verdade e sou feliz."

2 de mai. de 2010

Change




Na verdade eu nunca tenho algo à dizer quando me dá vontade de postar por aqui, é mais conversa fiada, aquele monte de palavras que me levam a lugar nenhum...

se tudo der certo, ano que vem estou de mudança mais uma vez (afinal eu preciso dar continuidade a minha vida de cigana), mas pela primeira vez a mudança é única e exclusivamente minha escolha, o que dá um medo desgraçado porque se tudo der errado eu não tenho ninguém pra colocar a culpa =P Mas eu estou precisando de ares novos, nem que seja a poeira que sobe do chão quando seu corpo bate contra o mesmo